A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) protagoniza o mais vergonhoso episódio de sua História, numa inversão de valores.
Enquanto a seccional do Distrito Federal barra a emissão da carteirinha para que Joaquim Barbosa, ex-presidente do STF, trabalhe como consultor, a mesma Ordem autoriza há sete meses o condenado José Dirceu, apenado em regime semiaberto, a manter sua carteirinha e a atuar em escritório de advocacia da capital.
Há um processo na OAB, em segredo de Justiça, pela cassação da carteirinha de Dirceu, parado desde novembro de 2013. A denúncia foi protocolada em Brasília e depois remetida só em março deste ano pelo Conselho Federal para a seccional São Paulo, onde há jurisprudência para o caso. Ontem, a assessoria da seccional SP informou que o processo tramita ‘há um mês’, sem previsão de conclusão.
Ao impedir a carteirinha de Barbosa, com notório currículo, o presidente da OAB-DF, Ibaneis Rocha, alegou que o ex-ministro não tem idoneidade moral para tal.
Ibaneis Rocha |
Aposentado e impedido de trabalhar, por ora, Joaquim Barbosa foi quem relatou o processo do famigerado Mensalão, que levou à cadeia – também por enquanto – o advogado Dirceu.
MEMÓRIA
O pedido de cassação da carteirinha de Dirceu foi feito por um advogado de Brasília que questiona por que a OAB mantém o registro de um condenado e apenado, contra as regras e a moral.
BARBOSA X ADVOGADOS
Os casos das carteirinhas de Barbosa e Dirceu conotam uma clara tentativa de vingança da OAB contra o ex-ministro do STF, cujos atos considerados provocadores desagradaram à classe. Em Junho, prestes a se aposentar, Barbosa mandou seguranças da Corte retirarem do plenário o advogado do apenado José Genoino, por ter interpelado o presidente fora da praxe.
Em março, Barbosa citou que o emprego de Dirceu era ‘conluio entre juízes e advogados’. Nesta quinta (2), o ex-ministro do STF Francisco Rezek saiu em defesa de Barbosa e disse que o ato da OAB é um dos maiores desastres da História da Ordem.
RIO-MIAMI
Como adiantou a coluna de 13 de agosto, Joaquim Barbosa confidenciou a amigos, em encontro em sua casa no Rio, que iria trabalhar como consultor em escritório de advocacia em Brasília. E que faria a ponte Rio-Miami, onde tem apartamentos.
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