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Relator de comissão que analisa impeachment de Marcelo Crivella (PRB) recebeu doação do prefeito na campanha

Vereador Luiz Carlos Ramos Filho (Podemos) ganhou material eleitoral com o nome dos dois. Ele já votou projetos contra o governo e promete 'relatório isento', mas foi contra o processo de impedimento.


Por Gabriel Barreira | G1 Rio

O prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), foi um dos doadores da campanha a vereador de Luiz Carlos Ramos Filho (Podemos) em 2016. O parlamentar é o relator da comissão processante do impeachment de Crivella.

Às vésperas da eleição, Luiz Carlos Ramos Filho (Podemos) declarou voto no então candidato Marcelo Crivella (PRB). Os dois fizeram campanhas juntos — Foto: Reprodução/Facebook
Às vésperas da eleição, Luiz Carlos Ramos Filho (Podemos) declarou voto no então candidato Marcelo Crivella (PRB). Os dois fizeram campanhas juntos — Foto: Reprodução/Facebook

A doação de Crivella foi de R$ 8.793,90, paga entre agosto e setembro daquele ano ao hoje relator, referente a material de campanha. A prática é conhecida como "dobradinha", quando os dois candidatos aparecem na mesma propaganda — custeada somente por um deles.

Neste caso, não há transferência de recursos financeiros, e o valor é registrado como uma "verba estimável". Em fotos nas redes sociais, o vereador aparece com bandeiras com o nome de Crivella.

"Fizeram uma doação para a gente de valor estimado, um papelzinho que nem utilizei porque era muito do vagabundo. Eu mesmo fiz o material e fiz a cédula", diz o vereador.

Em nota, o prefeito Marcelo Crivella disse que "a doação respeita a legislação em vigor no ano de 2016 e está devidamente registrada no Tribunal Regional Eleitoral".

De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral, a doação de Crivella a Luiz Carlos Ramos Filho foi utilizada em santinhos, cartazes e gravações em estúdio que vinculavam os candidatos. Naquela eleição, Crivella se consagrou prefeito, e Ramos Filho se elegeu pela primeira vez.

O valor doado pelo atual prefeito é a quinta maior receita da campanha de Luiz Carlos Ramos Filho, que obteve um total de R$ 336.993,90 em doações. O apoio de Crivella representa 2,61% do total obtido na campanha do vereador.

"Não me arrependo de ter feito essa parceria à época, de o partido ter apoiado. Não tem problema nenhum. Só digo que, como relator, quero mostrar que meu histórico fala por si só. Ao longo desses dois anos, tenho me colocado como um vereador de centro que vota pauta a pauta", declara Ramos.

Processo de impeachment

À comissão processante, cabe emitir dois pareceres: um sobre a continuidade ou não do processo e um conclusivo, que deve pedir a cassação ou a permanência do prefeito. O plenário precisa analisar os relatórios em até 90 dias. Até lá, Crivella se mantém no cargo.

O parlamentar admite que já integrou a base aliada, mas se declara independente e de centro. Ele enumera o apoio a pautas contrárias ao governo, como: aumento do imposto cobrado das empresas de ônibus (ISS), diminuição do IPTU e até a mudança na lei orgânica que determinava eleição indireta em caso de impeachment do prefeito.

"Acho que votei mais contra o prefeito do que a favor", declara Ramos.

"Tudo que for pra melhorar qualidade de vida e do cidadão e melhor para cidade terá meu apoio e solidariedade. Aquilo que eu entender que não é bom encaminharei meu voto contrário".

Comissão processante

Na mesma sessão que abriu o processo de impeachment, foram sorteados três vereadores para formar a comissão processante. Dois deles não votaram pela abertura da investigação.

“Se ainda assim quiserem me chamar de base, saibam que ser base não significa ser capacho. Dou total garantia de que vou produzir um relatório isento, transparente, imparcial e justo, seguindo rigorosamente a legislação. O meu compromisso é com o cidadão carioca”, diz Ramos Filho.

Além de Ramos Filho, Paulo Messina (PROS) foi contra a abertura do processo. Ele era secretário da Casa Civil até o dia da votação, quando foi exonerado do governo para voltar à Câmara, onde defendeu o aliado.

Pouco antes do sorteio, o oposicionista Reimont (PT) levantou uma questão de ordem: pediu que Messina se declarasse suspeito a participar do sorteio. O ex-secretário se recusou.

Na quarta, Teresa Bergher (PSDB) chegou a pedir ao presidente da Casa, Jorge Felippe (MDB), a retirada de Messina da comissão. A presidência, no entanto, arquivou o requerimento.

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