Alagoas segue pobre, após décadas de Renan na cúpula do poder do Brasil
Davi Soares | Diário do Poder
O primeiro guia eleitoral na televisão em Alagoas teve hoje (31) a ausência de candidatos a governador e a deputado estadual. Entre os quatro candidatos a senador que veicularam suas propagandas, Renan Calheiros (MDB-AL) vendeu sua imagem como de “um dos homens mais respeitados pelo Congresso” e que sempre atendeu às necessidades do Estado de Alagoas. Mas o fato é que Alagoas se mantém entre os estados do Brasil com os piores indicadores sociais e econômicos, após os quase 40 anos de vida pública classificada como de sucesso por Renan.
Senador Renan Calheiros na propaganda eleitoral. Foto: Reprodução |
A propaganda eleitoral de Renan veiculada hoje priorizou a exibição de um jingle que fala que o senador faz Alagoas “andar para frente”. E o senador destaca que suas ações em Brasília se transformariam em melhorias para os alagoanos.
Porém, mesmo com Renan destacando ter presidido o Senado quatro vezes, os problemas dos alagoanos seguem os mesmos ou mais graves. A exemplo do desabastecimento crônico de medicamentos e insumos nos hospitais estaduais nos últimos três anos do governo de seu herdeiro Renan Filho (MDB), que investe milhões em hospitais e mantém vazios os estoques das unidades existentes, cuja secretaria responsável foi devassada pela PF na Operação Correlatos, por desviar R$ 180 milhões em fraudes de compras de remédios e correlatos.
Outro exemplo da “eficácia” do trabalho de Renan e da maioria da classe política tradicional que o apoia em Alagoas é o fato de o Estado ter registrado o pior desempenho nacional entre jovens desocupados, sem estudar, nem trabalhar, registrados na Síntese de Indicadores Sociais, do IBGE, que analisou as condições de vida da população brasileira e divulgou seus resultados em dezembro de 2017.
Apesar de Renan destacar no guia ter se firmado como aliado de primeira linha dos governos de Lula e Dilma; Alagoas segue, segundo o mesmo estudo do IBGE, como um dos líderes em nível de pobreza, com a terceira maior proporção de habitantes com renda per capita abaixo dos 5,5 dólares por dia, em paridade de poder de compra. Alagoas tem 47,4% da população nesse nível de renda, perdendo apenas para o Amazonas (49,2%) e o Maranhão (52,4%).
O respeito que Renan disse ter nos gabinetes em Brasília, não garantiu uma política pública eficaz contra os efeitos da seca, com uma obra do Canal do Sertão paralisada, marcada por irregularidades ao longo de mais de duas décadas. Nem trouxe avanço suficiente para evitar que o estado siga registrando desempenho no ensino médio abaixo da média nacional, segundo os números do Saeb revelados ontem (30).
Por falar em Justiça…
Mesmo a propaganda exaltando que o senador do MDB foi ministro da Justiça, Alagoas alcançou o topo do ranking da violência, onde agora segue na ainda vergonhosa quinta colocação, em 2017, com taxa de 56,9 por 100 mil habitantes, segundo o Anuário Brasileiro da Segurança Pública. Os registros oficiais relatam ainda, por exemplo, aumento de 158% nas notificações de estupros, desde 2014.
A escalada da violência ocorreu durante a ascensão do poderio político de Renan no âmbito nacional, após a ida para o Ministério da Justiça.
A evolução coincidiu ainda com a ocorrência de escândalos diversos e produziu inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF), e denúncias da Procuradoria Geral da República, que já o tornou réu, acusado de afrontar as leis do país e de ser complacente com ilegalidades.
Renan sempre alegou inocência sobre as acusações a que responde na Justiça. Tem direito de se defender e ser julgado. Mas seu maior desafio agora é provar ao eleitor que não poderá ser julgado e condenado nas urnas, como culpado pelos problemas que os alagoanos seguem enfrentando, mesmo contando com ele na cúpula do poder do Brasil, por tantos anos.
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