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Ustra quer Tuma e comandantes na sua defesa

Acusado de tortura diz que senador e militares "viveram a situação"



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SÃO PAULO. Principal alvo das ações judiciais que buscam responsabilizar torturadores do regime militar, o coronel da reserva Carlos Alberto Brilhante Ustra - que comandou o DOI-Codi paulista entre 1970 e 1974 - vai arrolar como suas testemunhas de defesa o senador Romeu Tuma (PTB-SP) e vários generais do Exército, como o atual comandante, general Enzo Martins Peri. A revista "Época" obteve um relato de 31 páginas que Ustra fez para seu advogado, Paulo Esteves, usar em sua defesa.

Segundo Ustra, Tuma "acompanhou e viveu a situação de violência da época e o trabalho do DOI/II Exército, já que, como delegado da Polícia Civil, era o elemento de ligação entre o Comando do II Exército e o Departamento de Ordem Política e Social (Dops), órgão no qual estava lotado". Ele também pede a convocação dos altos oficiais do Exército que hoje ocupam as funções de Comandante do Exército, Comandante Militar do Sudeste, chefe do Estado Maior do Sudeste e chefe do Centro de Inteligência do Exército.

"Eles, hoje, são os substitutos legais dos chefes, que, na época do meu comando do DOI/II Ex, deram-me as ordens cumpridas por mim, rigorosamente", diz Ustra, explicando, em seguida, que, na época, eles não estavam nos cargos, mas atuavam em outras funções e acompanharam a situação.

Coronel da reserva critica governo de Lula

No relato, Ustra reclama do governo Lula: "Para desproveito da nação, infelizmente, o governo democrático de agora, em parte integrado por inúmeros ex-criminosos políticos daquela época, coonesta a farsa, promovendo verdadeiro butim aos cofres públicos, premiando os que intentaram contra o Brasil e enxovalhando os que o defenderam. Tudo isso em completo e escandaloso desprezo à Lei da Anistia, criada para exorcizar ódios e amparar os dois lados do desditoso conflito".

Em sua versão, Ustra nega as torturas e os assassinatos, embora o governo brasileiro já tenha admitido sua ocorrência. Ele diz que as chamadas vítimas da ditadura queriam implantar sua própria ditadura no país e seu papel foi o de defender a pátria. Ustra repete a versão do chamado "Livro Negro do Terrorismo no Brasil", oficialmente denominado Tentativas de Tomada do Poder, produzido pelo Centro de Informações do Exército, em resposta ao livro "Brasil: Nunca Mais", organizado por Dom Paulo Evaristo Arns.

O ex-chefe do DOI-Codi admite, em seu documento, que os mortos eram enterrados com nomes falsos. Segundo ele, por causa dos pseudônimos que eles usavam e dos documentos falsos.

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