Interessado? Tarde demais. A coisa não é para o seu bico. As vagas já foram preenchidas. Os felizardos são 21 suplentes de deputado federal. Chegam ao Congresso graças à ascensão dos titulares a cargos de governador, vice-governador e secretários de Estado. Cumprirão os seus “mandatos” só no mês de janeiro.
Em fevereiro, quando toma posse a nova legislatura, eleita em 2006, os afortunados voltam pra casa. De bolsos recheados. E sem ter de desperdiçar nenhum naco de seu tempo dando expediente nos tediosos corredores projetados por Niemeyer. O Congresso, em recesso, estará às moscas nesse período.
A boca livre proporcionará aos suplentes, além do provento de R$ 12.800, um salário extra de mesmo valor. A verba costuma ser paga a parlamentares em início de mandato, a pretexto de ajudá-los no custeio da transferência de seus Estados para Brasília.
A temporada curta –escassos 30 dias—não sugere que os suplentes tencionem se mudar, de mala e cuia, para a Capital. Dois deles, aliás, já moram no Distrito Federal. Ainda assim, todos vão embolsar a prebenda extra. Não é só.
Os suplentes beliscarão também verba de representação de R$ 15 mil, auxílio moradia de R$ 3 mil, e quatro passagens aéreas. Tudo somado, cada um pode custar à bolsa da veneranda senhora até R$ 43.600. A despesa total da Viúva roçará a casa do milhão: R$ 915.600.
A mesa da Câmara informa que os pagamentos serão feitos porque a lei assim o determina. O saudoso Otto Lara Resende costumava dizer que lei, no Brasil, é como vacina. Algumas pegam, outras não. Essa, evidentemente, pegou. Natural. Numa Brasília em que dinheiro parece coisa grátis, todos os gastos são pardos. Mesmo à luz do dia.
Escrito por Josias de Souza
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