GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília
A CPI dos Sanguessugas aprovou por unanimidade em votação simbólica nesta quinta-feira o relatório final, que pede o indiciamento de dez pessoas. Entre elas estão os seis "aloprados" --apelido dado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva-- Gedimar Passos, Valdebran Padilha, Hamilton Lacerda, Jorge Lorenzetti, Osvaldo Bargas e Expedito Veloso.
Por unanimidade, a comissão decidiu aprovar o texto de autoria do senador Amir Lando (PMDB-RO), após um acordo firmado durante a madrugada para garantir a votação. Havia o temor que o texto não fosse aprovado por falta de quórum.
O presidente da CPI, Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), comemorou a unanimidade entre os parlamentares para aprovação do relatório. "A nossa CPI não terminou em pizza. Se as conseqüências não foram aquelas que a sociedade espera, fizemos a nossa parte."
Com a aprovação do relatório, a CPI vai encaminhar o documento para o Ministério Público Federal, que irá analisar as sugestões de indiciamento.
O relatório final da CPI também pede o indiciamento do empresário Abel Pereira, José Airton Cirilo, Raimundo Lacerda Filho e José Caubi Diniz por diversos crimes que vão desde tráfico de influência até fraudes em licitações, passando por atos de improbidade administrativa e corrupção ativa.
O relatório levanta suspeitas contra 58 das 600 prefeituras suspeitas de envolvimento no esquema de liberação de emendas para a compra superfaturada de ambulâncias, mas isenta os ex-ministros da Saúde José Serra (PSDB), Humberto Costa (PT), Saraiva Felipe (PMDB) e Barjas Negri (PSDB) de participação nas fraudes.
"Não ficou comprovado o conhecimento, autorização ou participação dos ministros que ocuparam recentemente a pasta da Saúde no que se refere ao tráfico de influência ali investigado, motivo pelo qual deixam de ser citados", afirma o relator.
Origem do dinheiro do dossiê
O relator, no entanto, não conseguiu concluir a origem do R$ 1,7 milhão apreendido nas mãos de Gedimar e Valdebran --que seria supostamente utilizado na compra do dossiê.
Lando aponta, apenas, que o dinheiro teve como suposta origem o caixa dois de campanhas eleitorais de petistas. "Na hipótese de surgir provas que os valores destinados à aquisição do dossiê originaram-se do caixa de campanha ou de recursos partidários, configurar-se-ia infração eleitoral de abuso do poder econômico", afirma o senador no relatório.
Lando diz ainda que os resultados das investigações não permitem concluir que os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva e Aloizio Mercadante --para quem supostamente o dossiê traria benefícios --tenham tido conhecimento prévio do dossiegate.
Os aloprados
A PF suspeita que Hamilton seja o chamado 'homem da mala': quem levou o dinheiro (R$ 1,7 milhão) para o hotel Íbis, onde estavam hospedados Gedimar Passos e Valdebran Padilha. O dinheiro seria usado na compra do dossiê antitucano. Gedimar trabalhava no núcleo de inteligência do comitê de campanha do PT e Valdebran seria o elo entre o partido e o empresário Luiz Antônio Vedoin --o vendedor do suposto dossiê.
Jorge Lorenzetti, ex-coordenador do setor de inteligência da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva, é apontado pela Polícia Federal como o articulador da trama.
Outros dois suspeitos de participar da trama, Oswaldo Bargas e Expedito Veloso, que também compunham o núcleo de inteligência da campanha de Lula, trocaram ligações entre si, com Lacerda e com Lorenzetti.
Os sanguessugas
Apontado como chefe da máfia dos sanguessugas, Luiz Antonio Vedoin, disse à Polícia Federal que até conhecer o empresário Abel Pereira e começar a lhe pagar propina, em 2002 --quando Barjas Negri (PSDB) era o titular do Ministério da Saúde--, tinha dificuldade para receber verbas do ministério.
No governo Lula, em 2003, segundo Vedoin, o papel de Abel foi assumido pelo deputado federal eleito José Airton Cirilo (PT-CE).
Cirilo, por sua vez, disse que foi procurado em 2003 por seu sobrinho, Raimundo Lacerda Filho, que trabalhava em Brasília, e por um amigo dele que morava em Mato Grosso, José Caubi Diniz.
Os dois se apresentaram como consultores da empresa Planam, de Luiz Antônio Vedoin, e disseram que a empresa tinha interesse em montar uma fábrica de veículos para ambulâncias no Nordeste. Para isso, eles pediram o apoio de Cirilo.
O advogado Eduardo Silveira, que defende Abel Pereira, disse que seu cliente mantém a versão dada à PF em outubro. Na ocasião, Abel negou receber propina da máfia dos sanguessugas.
Com Agência Folha e Folha de S.Paulo
- Blogger Comment
- Facebook Comment
Assinar:
Postar comentários
(
Atom
)
0 $type={blogger}:
Postar um comentário