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Bicho tinha central para a propina

Christina Nascimento e Flávia Duarte - O Dia

Rio - Batizado de “preta”, o apartamento de Júlio Guimarães Sobreira, sobrinho do Aílton Guimarães Jorge, o Capitão Guimarães, servia de fortaleza para o recolhimento das cotas em dinheiro das casas de jogos que seriam usadas no pagamento de propinas a policiais. Foi nesse imóvel, localizado na Rua Conde de Bonfim, na Tijuca, que a Polícia Federal encontrou uma parede falsa, quebrada a marretadas, onde havia cerca de R$ 9 milhões.

Júlio, que foi coordenador de jurados do desfile de Carnaval deste ano, é apontado no inquérito da Operação Furacão, realizada pela PF, como elo entre Capitão Guimarães, Aniz Abrahão David, o Anísio, e Antônio Petrus Kallil, o Turcão.

Os três bicheiros são chamados por Júlio de “tios”. Júlio também coordenava o esquema de propina, que tinha como homem de confiança o policial civil Marcos Antônio Bretas, o Marcão. Ele era quem fazia os repasses mensais aos policiais.

O relatório da PF, baseado em escutas, revela que as quantias eram fornecidas pelos representantes de bingos e locadoras de caça-níqueis. O dinheiro era recolhido entre os dias 13 a 17 de cada mês, contado e separado em envelopes para distribuição. Dentro da parede falsa de Júlio foram encontrados envelopes de R$ 10 mil e outros de R$ 100 mil, com os nomes dos seus destinatários.

Entre os beneficiados pelo mensalão do bicho estariam os delegados federais Carlos Pereira Silva e Luiz Paulo Dias de Mattos. Carlos era diretor da PF em Niterói. Mattos está aposentado. Os dois estão presos desde o dia 13, com 23 pessoas — entre elas os três bicheiros. A prisão preventiva do grupo acaba hoje, à meia-noite.

O esquema também se utilizava do desembargador Ernesto da Luz Pinto Dória, que chamava Turcão de “padrinho”, e atuava como intermediário entre empresários do jogo, advogados e desembargadores, com o ex-vice-presidente do Tribunal Regional Federal, José Eduardo Carreira Alvim. Dória recebia R$ 10 mil de mesada, a que chama, nas gravações, de ‘meu oxigênio’.

As investigações apontam ligações entre Dória e o advogado Virgílio Medina, irmão do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Paulo Medina, que pediu licença médica. Virgílio aparece negociando com o advogado da associação, Sergio Luzio Araújo, decisão judicial por R$ 1 milhão. Virgílio, no entanto, não é advogado de nenhuma das partes envolvidas na ação, que acabou sendo julgada por seu irmão.

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